Comunicação com Intencionalidade e Cuidado Colaborativo: Reflexões a partir de um Desenvolvimento Profissional
Comunicação com Intencionalidade e Cuidado Colaborativo: Reflexões a partir de um Desenvolvimento Profissional
A palestra de abertura foi conduzida pelo psicólogo Alexandre Coimbra Amaral, cuja fala sensível e provocadora trouxe à tona temas urgentes e muitas vezes silenciosos no cotidiano escolar: a ansiedade, a saúde mental dos educadores e o valor de uma comunicação cuidadosa e intencional entre os profissionais da escola.
“A ansiedade tem o poder de nos movimentar e também de nos paralisar. Ela nos retira do presente.”
Essa frase ficou ecoando. Quantas vezes somos tragados pelas urgências, pelos prazos, pelas pressões — e perdemos justamente aquilo que sustenta qualquer prática educativa significativa: a presença?
Uma sociedade que empurra para o excesso
Inspirado também pelo que Alexandre compartilha em sua entrevista à Gama Revista, podemos reconhecer que vivemos em uma sociedade que nos empurra constantemente para o excesso: de produtividade, de aceleração, de comparação. Como ele diz, “é muito fácil você se sentir mal quando o mundo está organizado para fazer você se sentir insuficiente”.
E isso ressoa fortemente dentro das escolas. Profissionais da educação lidam diariamente com pressões internas e externas, demandas emocionais e afetivas complexas — muitas vezes sem tempo para cuidar de si, ou mesmo para olhar com atenção para o colega ao lado.
Por isso, é tão urgente pensarmos em uma cultura escolar onde o cuidado não seja uma resposta ao colapso, mas uma prática cotidiana e estruturante.
Comunicação que sustenta vínculos
Na escola, a comunicação entre adultos costuma ser atravessada por listas de tarefas, mensagens rápidas e agendas lotadas. Mas o que Alexandre nos lembrou com maestria é que a comunicação é uma ferramenta pedagógica entre adultos também. Ela pode fortalecer vínculos ou gerar ruídos, pode apoiar ou isolar, pode construir confiança ou alimentar desgaste.
Comunicar-se com intencionalidade é agir com consciência sobre o impacto das palavras, do tom, do tempo de resposta, da escuta. Uma comunicação intencional não ignora as emoções; ela as considera parte do processo. E por isso, tem potência transformadora.
Cuidado colaborativo: uma cultura que se aprende
Outro ponto central da reflexão foi o conceito de cuidado colaborativo — a ideia de que, em ambientes educacionais, o cuidado não deve ser individualizado ou ocasional, mas sim parte da cultura coletiva. Quando colegas se reconhecem como seres humanos antes de profissionais, criam um espaço mais seguro para ensinar, aprender, errar, criar e transformar.
Cuidar uns dos outros, nesse contexto, é uma forma de ensinar. Quando educadores se escutam com empatia, dão exemplo de como o respeito mútuo se constrói. Quando há confiança entre adultos, o ambiente escolar se torna fértil para que as crianças e jovens também floresçam.
Intencionalidade: uma postura para além do planejamento
Falar de intencionalidade é mais do que planejar boas aulas. É adotar uma postura coerente com os valores que queremos cultivar.
É perceber que cada interação comunica — e que cada escolha, por menor que pareça, molda a cultura da escola.
Estar presente é escolher. Escolher escutar, escolher respeitar, escolher cuidar.
Como Alexandre diz, “a escola precisa ter coragem de ser humana.”
E, para isso, precisamos nos lembrar — diariamente — de que ninguém educa sozinho.
📝 E você? Como a comunicação entre adultos é vivida na sua escola? Há espaço para escuta verdadeira e cuidado mútuo?
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