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O poder das perguntas: educar com base na curiosidade

❓ O poder das perguntas: educar com base na curiosidade

"A educação não é o encher de um balde, mas o acender de uma chama."
– William Butler Yeats

Em um mundo que valoriza respostas rápidas e certezas absolutas, talvez a maior revolução pedagógica seja justamente essa: ensinar a perguntar.

Ao longo da história, grandes pensadores reconheceram o valor das perguntas como motor do conhecimento. Um deles foi Sócrates, que acreditava que questionar era o caminho mais legítimo para o saber. Em vez de transmitir conteúdos prontos, ele fazia perguntas que levavam seus interlocutores a refletirem, construírem ideias e se responsabilizarem pelo próprio pensamento.


🧠 Sócrates e o nascimento da investigação

A Maiêutica socrática nos convida a ver o professor não como aquele que deposita conhecimento no aluno, mas como aquele que provoca, questiona e ajuda a “parir” ideias. A aprendizagem não é um fim, mas um processo de descoberta — e a dúvida é parte essencial desse caminho.

Trazer essa perspectiva para a sala de aula significa transformar o ambiente escolar em um espaço de escuta, investigação e construção coletiva de sentido.


🔍 A pedagogia investigativa: onde tudo começa com uma pergunta

Na pedagogia investigativa, utilizada no Programa de Anos Iniciais do IB (PYP), o processo de aprendizagem é impulsionado por perguntas genuínas — tanto dos alunos quanto dos professores. Antes de oferecer respostas, propõe-se que a turma mergulhe em um processo de investigação, utilizando múltiplas fontes, explorando hipóteses, fazendo conexões e construindo entendimento a partir da curiosidade.

Esse modelo amplia o papel do aluno: ele deixa de ser um receptor e se torna um sujeito ativo, pensante e reflexivo, capaz de fazer perguntas relevantes, identificar problemas e buscar soluções.


🌱 O perfil do aluno indagador no IB

Um dos atributos centrais do Perfil de Aprendizagem do IB é o de indagador (inquirer). Segundo o próprio documento do IB:

“Somos curiosos e desenvolvemos habilidades para investigação e pesquisa. Sabemos aprender de forma independente e em colaboração. Aprendemos com entusiasmo e mantemos o nosso amor pelo aprendizado ao longo da vida.”

Formar alunos indagadores é mais do que incentivar perguntas — é cultivar uma atitude de curiosidade, abertura e perseverança diante do desconhecido. É formar pessoas que não aceitam verdades prontas, que querem entender o porquê das coisas e buscam ativamente expandir seu conhecimento.


💬 O que isso significa na prática?

  • Planejar aulas a partir de perguntas abertas, e não apenas objetivos fechados.

  • Dar tempo e espaço para que os alunos formulem suas próprias perguntas.

  • Valorizar o erro como parte natural da exploração.

  • Acompanhar o processo de investigação, mais do que apenas o produto final.

  • Incentivar o uso de múltiplas fontes, registros e modos de expressão.


✨ Uma educação que acende a curiosidade

Educar com base na curiosidade é devolver ao aluno o direito de se encantar com o mundo. É confiar que ele é capaz de pensar, questionar, construir e transformar. Em vez de respostas prontas, oferecemos o convite para o diálogo, para o pensamento crítico, para o desconhecido que inspira.

Mais do que formar estudantes que acertam nas provas, formamos indagadores que buscam sentido, conexão e verdade — dentro e fora da escola.


📢 E você?

Quais perguntas suas turmas têm feito ultimamente?
O que você tem feito para manter a curiosidade viva na sala de aula?

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